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Tartaruga Marinha

Aqui elas estão em casa

Pipa é um lugar privilegiado pela diversidade de vida que abriga. Rica ambientalmente, com Mata Atlântica remanescente, mangue, lagoas, dunas e praias paradisíacas, é cenário para desova e nascimento de tartarugas marinhas. Um verdadeiro espetáculo da vida, para quem tem a oportunidade de contemplar.

Das sete espécies existentes no mundo, cinco são encontradas no Brasil: a Cabeçuda (Caretta caretta), de Pente (Eretmochelys imbricata), Verde (Chelonia mydas), Oliva (Lepidochelys olivacea) e a de Couro (Dermochelys coriacea); dessas, a espécie ‘de Pente’ surge regularmente em Pipa, com ocorrência de desovas esporádicas das outras espécies.

As tartarugas existem nesse design há mais de 150 milhões de anos, evoluíram do ambiente terrestre para o aquático, diferenciando-se dos outros reptilianos.

O número de vértebras diminuiu, fundiram-se às costelas e se uniram ao plastrão (parte ventral), formando uma carapaça característica como um esqueleto externo de proteção, bastante resistente; perderam os dentes, ganharam uma espécie de bico e suas patas se modificaram em nadadeiras, para se adaptarem à vida aquática.

Possuem pulmões, mas são capazes de permanecer algumas horas embaixo d’água, utilizando um sistema de respiração acessório e redução dos batimentos cardíacos, permitindo-as passar maior tempo da vida submersas.

Somente as fêmeas aportam na terra, exclusivamente para desova, locomovendo-se lenta e desajeitadamente, mais vulneráveis na areia, contrastando com sua majestosa agilidade no mar.

Além da visão, olfato e audição desenvolvidos, possuem um fantástico sexto sentido de orientação, tornando-as hábeis para detectar o ângulo e a intensidade do campo magnético terrestre característico dos animais migratórios.

São, assim, capazes de realizar viagens transoceânicas para voltarem exatamente às praias onde nasceram (quando atingem uma maturidade reprodutiva, dentre 16 a 30 anos de idade), desovam no ambiente terrestre e completam, assim, seu ciclo reprodutivo.

Em Pipa, a temporada reprodutiva ocorre entre outubro e maio, período influenciado diretamente pela temperatura do ambiente.

O sexo dos filhotes também é definido pela temperatura, até 29°C define o sexo masculino e a partir de 30°C os ovos formarão fêmeas, geralmente são aqueles localizados mais na superfície do ninho, onde recebem maior incidência de luz e calor.

Ao nascerem, as tartarugas se guiam pela luz do horizonte e da espuma do mar, nadam até encontrar as zonas de convergência de correntes, com grandes aglomerados de algas e matéria orgânica flutuante, alimento e proteção – e assim permanecem, por vários anos, migrando passivamente pelo oceano.

As luzes artificiais da cidade confundem os filhotes para que lado seguir, e o sombreamento das edificações, projetado na praia, esfria a areia, determinando o sexo masculino para todos os ovos, aumentando a população de machos e causando desequilíbrio.

A pesca e a poluição continuam sendo as maiores ameaças à vida marinha. Propositadamente ou acidentalmente, são pescadas, sua carne e ovos são iguarias bastante apreciadas em diversas culturas, e o casco utilizado para fabricação de armações de óculos, pentes e acessórios.

Atualmente algumas espécies de tartarugas, especialmente as de Pente, encontram-se em condição ‘criticamente ameaçada’ segundo a Lista Vermelha de classificação da IUCN, um dos inventários mais importantes do mundo sobre o estado de conservação mundial de várias espécies.

Felizmente, as tartarugas hoje são símbolo de grandes áreas de conservação, considerada espécie- bandeira, como o urso panda e o mico leão dourado, apesar de não ter o carisma dos golfinhos e do urso panda, as tartarugas marinhas são peças fundamentais para a difusão de ideais conservacionistas, proteção de espécies menos conhecidas e seus habitats, e para o despertar de uma consciência ecológica que emerge.

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